Dê comida aos peixes por favor. Nem sempre estou por aqui para alimentá-los.

Grato pela gentilza.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A magia dos atos (parte 1)

Vou te explicar uma coisa, que eu não sabia e que um dia você me explicou.

A beleza de um presente é a intenção de quem dá, a de uma dedicatória é o próprio ato de se dedicar algo à alguém.
Quando se pede essas coisas você mata a beleza, a magia que faz delas especiais.
Ao presente só restará então o valor impresso na etiqueta e à dedicatória só o ato mecânico da escrita forçada.
Esses atos precisam ser livres e espontâneos, senão simplesmente deixam de ser.
No ato de pedir você cancela qualquer possibilidade de que eles possam acontecer.

Como uma vez você me ensinou:
"Há coisas que não dá pra pedir. Eu não poderia dizer 'Eu gosto que me peguem pela mão e me girem ou façam um passo de dança comigo no meio da rua, de forma inesperada.' Essas coisas não dá pra pedir."

Há coisas que não se pede.

sábado, 19 de junho de 2010

Justiça?

Boa tarde,

Essas ultimas semanas venho acompanhando, um pouco de "longe", o caso da advogada Mércia Nakashima, e mesmo tentando não me ater aos anúncios sensacionalistas, acabei sendo inundado de comentários de repórteres e até de familiares sobre a impunidade, sobre a lentidão da polícia, sobre o suspeito principal e sobre justiça.
Ouvi em algum lugar, ou em todos, a frase "Queremos justiça!", e associadas a essa frase vejo sempre palavras como condenação, prisão, pena, anos de cadeia; até que ouço alguém resumir esse amontoado de ideias na frase "Queremos que ele pague pelo que fez!".

Me deu uma certa inquietação quanto à apropriação da noção de "Justiça" no senso-comum, não só no caso que citei acima, mas em qualquer caso de desrespeito à lei, sobretudo nos casos violentos,. De certa forma isso fez nascer em mim a pergunta: a quem a "Justiça" serve e a quem deve servir.
Eu penso - em meu brutal desconhecimento dos parâmetros legais e jurídicos - que a Justiça deve zelar pelos direitos da sociedade, por meio da supervisão da observância das leis pelos cidadãos.
Trocando em miúdos, a "Justiça" deveria ser uma promotora de uma certa ordem, que beneficiasse a toda a sociedade.



Os julgamentos hoje são vistos como uma espécie de pagamento de dívida, quase como uma vingança "divina". Como se a Justiça fosse realizada somente em prol da família, dos amigos e da sociedade que participa do show midiático que cerca o acontecido e que sofre junto.
Quando, acredito eu, que a Justiça deveria ser realizada em prol de um sentido maior de sociedade, que incluísse aí também o suspeito, o réu, o condenado e o egresso do sistema prisional, até porque alguém preso numa penitenciaria hoje, provavelmente irá para lá para sofrer (Pagar pelo que fez! / Ter o que merece!) e não para ser regenerado e voltar a conviver em sociedade.

O que levanta a mim outra questão, se a Justiça deveria - na minha concepção - ser fonte de benefício para toda a sociedade, penso que a pessoa condenada perde seu status de cidadão quando pensamos assim, pois imagino que o único benefício que ele poderia tirar de uma condenação seria o fato de pode vir a ser auxiliado em seu processo de regeneração, de reinserção ativa na sociedade após cumprida sua pena. Então nesse caso a "Justiça" nada lhe presta de útil, ele entra na classe dos excluídos da "Justiça".
Quando a "Justiça" passa a ter cidadãos que estão fora da Sua conta, que não entram na equação do que é justo para todos, há um desequilíbrio que terá consequências.

Neste caso, a Justiça não será capaz de prover ordem nem mesmo àquele que anteriormente visaria, pois aqueles a quem ela excluiu podem vir a retornar ao convívio social sem terem tido a oportunidade de receber auxílio para se reintegrar, e o ciclo da violência se propaga. E aqueles que antes buscavam uma justiça vingativa irão criar seus filhos numa sociedade injusta e violenta, na qual ninguém se sente seguro a momento nenhum do dia e na qual, possivelmente, alguns desses irão também cometer atos que farão a "Justiça" e a voz do povo excluí-los também.

Uma amiga me lembrou de mais um aspecto desses pensamentos, algo que faz pate do ideário popular e que se resume da seguinte forma "Os presídios deviam explodir com todas as pessoas dentro!"  e "Assim acabaria o problema de super lotação, de preso que sai e não volta, de rebelião, da violência.", porém acredito que em pouco tempo tudo voltaria ao mesmo ponto.
Novas pessoas cometeriam crimes, seriam condenadas, postas de fora do conceito popular de "Justiça", e então iriam criar novos e modernos presídios, que logo estariam abarrotados. Pois não se trata aqui apenas de um problema individual, de cada um que comete um crime, mas de uma sociedade violenta e não inclusiva, com uma grande fosso social.
Não quero aqui eximir o condenado de seu crime, mas pensar em formas de permitir e dar ferramentas para que ele possa retomar um curso de vida que respeite seus direitos e o dos demais.

Precisamos de uma noção de "Justiça" mais abrangente, mais total, que veja aqueles que transgridem as leis como parte de um sistema que precisa se revisto, que cultiva valores que degradam o desenvolvimento humano.
Lutemos por uma realidade onde o desenvolvimento humano seja a tônica e possamos superar esse ciclo vicioso e viciado de violência e desrespeito e possamos ser um grupo de homens e mulheres mais humanos para todos e com todos.

sábado, 8 de maio de 2010

Ditados comentados do meu Brasil

Eu trabalho com pesquisa numa área do Rio de Janeiro bem peculiar, uma área onde a urbanização está chegando junto com a modernização, onde se vê ainda os resquícios do Brasil antigo de forma bem viva, os trilhos da velha ferrovia, os costumes e hábitos de "antigamente" em choque - e às vezes em acordo - com as novas tecnologias, celulares, computadores e lan-houses.
Numa das minhas incursões nesse Brasil de transição, meio urbano, meio rural, onde charretes, cavalos e bois dividem espaço com moto taxistas e carros, estava eu me preparando para mais um dia de trabalho numa Unidade de Saúde quando observei um diálogo descompromissado que culminava numa obra de extrema sabedoria.
Não apenas pelo conteúdo das palavras, mas por todo o contexto e simplicidade.

No momento que cheguei ao posto uma das primeiras pessoas a me recepcionar foi a tia Anastácia, uma senhora idosa, mas muito ativa, que é responsável pelos serviços gerais do posto, limpeza, organização e também famosa pelo seu inigualável cafezinho.
Senhora de fala mansa, sempre simpática e bem humorada, querida por todos.
Estava eu sentado, organizando meu material de trabalho na sala de espera do posto, quando entra uma mulher e cumprimenta tia Anastácia que está ocupada com uma de suas tarefas de limpeza.
- Bom dia tia Anastácia!
Ao que ela responde sorridente e com alegria.
- Bom dia!
E vai a seu encontro com a saudação costumeira, um aperto de mão e dois beijos no rosto, e a mulher se assusta.
- Nossa! Que mão fria tia Anastácia!
E sem parar para pensar e nem se distrair da limpeza para qual já retornara, ela responde como se fosse a única coisa a ser dita naquele momento.

- "É coração quente... Mão fria é coração quente..."

O sorriso veio a meu rosto tão naturalmente quanto ao rosto dos demais que por ali estavam e presenciaram esta cena. Ressoou um pequeno burburinho de risos abafados daqueles que já estavam acotumados com essa santa perspicácia.
Aquele dia ficou mais leve.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sabemos que àqueles que estiveram detidos em uma cama,
A possibilidade do caminhar é plena do sentimento de liberdade.
Porém para aqueles que puderam voar com suas próprias asas,
A limitação de apenas caminhar se torna a mais vil das prisões.

In "Para aqueles que já tocaram as nuvens"
Maurice Ribeau

sexta-feira, 12 de março de 2010

Resgatando sentimentos e momentos

Vou lavar os olhos
Pôr a sujeira fora
Vou lavar os olhos
Pra saudade ir embora

Vou lavar os olhos
Ver o que sou agora
Vou lavar os olhos
Vai chegando minha hora

Vou lavar os olhos...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Resenhando meu Carnaval (1ª parte)

Bom dia caros leitores,
Trago para vocês uma experiência que tive nesse ano e que me trouxe muita alegria.
Eu construí o que, para mim, significa Carnaval.
Eu sempre pensei no Carnaval com a época de festa e ponto, mas aprendi a perceber o que é o sentido real do carnaval, e isso se deu vivendo esse fenômeno cultural brasileiro, em sua versão carioca nos blocos de carnaval desse ano de 2010.
Aprendi que o valor maior, presente nessa festa, é a liberdade, que não quer dizer necessariamente libertinagem, essa última eu entendo com uma faceta possível da liberdade e que está presente sim no carnaval, mas o sentido mais amplo da liberdade foliã do carnaval aspira a um certo tipo de inocência, de alegria boba, desprendida e contém uma dimensão plena de entrega.
Estava conversando com o André (blog mundaneidades) sobre como, dentro de alguns blocos de carnaval, essa liberdade se manifesta na sua forma mais pura, como no Carmelitas de sexta do qual acabávamos de acompanhar naquele dia.
Falávamos sobre como as brincadeiras, as vezes infantis, suscitavam sorrisos, igualmente pueris, e a gente sentia como que o coração bater no ritmo da melodia entoada e os pés se moviam no ritmo que o coração estava.
E por isso não mais andávamos, mas marchávamos, ao som da banda que tocava e da marchinha que nos contagiava.
E também notamos que aquela sensação se desfazia quando estávamos fora do bloco.
A Lapa, naquela noite de sexta, sem blocos de carnaval (no rio não há blocos noturnos pelo que sei), era a mesma Lapa de sempre, só que com muito mais gente, mas todos no seu ritmo... sem pular, sem marchar, cantar, só estavam por lá.... a andar, conversar, paquerar.
E me perguntei o que era isso. Ao que prontamente Bentinho(blog mundaneidades) me dá uma resposta linguisticamente fundamentada. Me contava ele, que o termo folia, que no nosso Brasil representa festa ou alegria, remete a um termo francês, folie.P porém este termo pode também ser traduzido como "loucura".
E, segundo ele, é essa loucura temporária que nos acomete nos blocos, onde deixamos de ser Luiz, André, Joaquim ou José e nos transformamos em crianças, em palhaços, em fantasia, em máscaras, em sorrisos e abraços (free hugs, heheh). Somos embebidos numa alegria enebriantes e todos passamos a pulsar num só ritmo, numa harmonia que nos leva e nos encanta.
E depois de entender isso, a cada momento eu fui aprendendo melhor o que era essa folia (alegria ou loucura) de Carnaval, sentindo a cada bloco - com um "sentido"novo - os sorrisos, os abraços, os beijos, o carinho de quem passa e pede licença ou que diz bom dia.
Daqueles que olham sua fantasia e riem, e te elogiam ou lhe borrifam água no calor nos assolou nesse Carnaval.
Daqueles que se contagiam da santa loucura sem nem saber que o fazem e que por isso mesmo estão mais aptos a sentir o sabor da vida mais leve e doce e desprendida que se vive nessa época.
Daqueles que, a plenos pulmões, gritam!

"AAAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhh, o Carnaval!"

Naquela época do ano que você faz coisas que um dia contará aos seus netos, e eles contarão aos netos deles e enfim você se tornará um ser imortal, atemporal, a quem alguns carinhosamente chamam Folião!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Resenhas do "Poréiiiimmmmm"

Nessas resenhas não me dedico a ser fiel à realidade, mantenho minha fidelidade ao que sinto em contato com estes atos artisticos, ou quase artisticos.



Móveis Coloniais de Acaju

Los Hermanos mais animado e irreverente, "poréiiiimmmmm" sem potência vocal ou densidade sonora.


Kings of Leon

Me parece muito com a banda Live e eles conseguem dar uma boa atualizada no estilo. Sem "poréiiiimmmmm".


Dicas de Verão com Branca e Bia

Comercial da MTV Brasil que dá importantes informações sobre hábitos e cuidados prudentes para o verão, "poréiiiimmmmm" as lindas gêmeas falando parecem andróides.
Não sei dizer se o problema é o roteiro engessado ou a falta de capacidade interpretativa das duas loiras.

*Acredito estar inaugurando a resenha de comerciais de tv, mas não tenho certeza por que sou preguiçoso demais pra procurar informações sobre isso. Prefiro me distrair com meus joguinhos inúteis ou quase inúteis.


Grande abraço a quem quer que leia esse blog.
Eu volto a postar quando estiver afim.