Buscando no meu velho computador encontrei alguns textos antigos e soturnos, que são bastante pessoais e gostaria de compatilhar 2 deles com quer que seja que lê o que escrevo por aqui.
O primeiro mostra uma falta de esperança, mas ele não rompe a linha do desespero e por isso me faz refletir sobre a necessidade ou não da sustentação de um "motivo de viver" como condição para se continuar vivo.
O segundo é soturno apenas no título, mas na verdade o título é mais um convite ao leitor do que um resumo da obra.
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Tarde de Angústia
Um amigo me disse que não estava bem e precisava escrever o que estava sentindo pois senão sentia que não agüentar e ia deixar de existir... não morrer... apenas deixar de existir, pois ele sentia mesmo toda sua existência se esvaindo. Mas ele queria que este texto fosse por mim contemplado para que num diálogo eu pudesse ajudá-lo a ser redescobrir ... Pois bem resolvi postar aqui pois gostei muito do texto.
Tarde de Angústia
Estou sentindo que estou ficando só, não que eu já esteja, mas estou ficando. Saí do grupo que frequentava, estou chato demais para cultivar novos amigos e os que já tinha quase todos cheios de compromissos e eu não... e nem sei... E nem sei o que eu quero ser. Eu sei que não quero estar onde estou, mas de onde vem motivação quando não se tem direção? Quero descobrir algo apaixonante ou pelo menos que meu ser apaixone por algo novo. Mesmo que seja como redescoberta de algo velho como notícia. Eu quero me sentir vivo mas só me sinto oprimido.
Quero ter peito pra arrebentar as cordas que me prendem a esta situação insossa, mas não tenho nem ânimo pra gritar, na verdade acho que é melhor dizer coragem mesmo. Olho para mim e só vejo meus problemas, me sinto soterrado por eles. Eu não encontro pás* para retirar este entulho, somente aquela que se chama tempo e que , se trabalha sozinha, é descuidada e acaba quebrando um pouco de mim durante o serviço. Mas agora não encontro tempo pra lhe servir de capataz. Na verdade me sobra tempo, mas prefiro gastá-lo no ócio improdutivo do que na busca desenganada, o primeiro não me decepciona e o segundo me custa energia.
Já não me suporto, pois não há abrigo que me aqueça, nem esconderijo para onde fugir, pois para onde fujo sempre me encontro e ao lado de cada lareira lá estou a me acompanhar de modo frio e cético. Nem a morte prematura é escapatória pois me destruiria junto com este ser entediante e não julgo que este mereça meu sacrifício.
Talvez o tempo me deixe livre para esquecer que existo...
Autor: Ynyang Anicosein Publicador: Luiz Felipe dos Santos Vailantes
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Morte
Pranteio mudo, a morte
De mais um Ser
Choro pela dor dos espinhos
Que de olhos cerrados
Nego-me a ver
Na busca pelo sorriso
Que em mim se encontra
Lágrimas que rolam
Amolecem um duro coração
Que seu erro não aceitou
Que nega o despedaçamento
Da ilusão que criou
Pranteio mudo
Pranteio só
Não peço companhia
Ao pranto que despejo
Reduz-se a um momento
E no ato de existir
Já cumpriu seu intento
Assim se extinguiu
No instante mesmo
Daquele que surgiu
Pois em seu levante
Ensejou a vida
Ao solo seco e árido
Lágrimas dão vida
Da morte do velho
Nasce um novo Ser
De olhos semi abertos
Pois muita é a luz
E fere o voraz
Forte o suficiente
Encaro minha fraqueza
Astuto igualmente
Vejo minha inocência
Com um sorriso de dentro
Sorriso solto
Mas não sorrio só
Por incrível que pareça
Contagia mais que o outro,
Que procurava aturdido
Sorrisos lhe retornam
Mesmo escondidos
Oh vida! Sempre estive aqui.
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