Dê comida aos peixes por favor. Nem sempre estou por aqui para alimentá-los.

Grato pela gentilza.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Abrindo o Baú

Buscando no meu velho computador encontrei alguns textos antigos e soturnos, que são bastante pessoais e gostaria de compatilhar 2 deles com quer que seja que lê o que escrevo por aqui.


O primeiro mostra uma falta de esperança, mas ele não rompe a linha do desespero e por isso me faz refletir sobre a necessidade ou não da sustentação de um "motivo de viver" como condição para se continuar vivo.


O segundo é soturno apenas no título, mas na verdade o título é mais um convite ao leitor do que um resumo da obra.


...

Tarde de Angústia


Um amigo me disse que não estava bem e precisava escrever o que estava sentindo pois senão sentia que não agüentar e ia deixar de existir... não morrer... apenas deixar de existir, pois ele sentia mesmo toda sua existência se esvaindo. Mas ele queria que este texto fosse por mim contemplado para que num diálogo eu pudesse ajudá-lo a ser redescobrir ... Pois bem resolvi postar aqui pois gostei muito do texto.







Tarde de Angústia


Estou sentindo que estou ficando só, não que eu já esteja, mas estou ficando. Saí do grupo que frequentava, estou chato demais para cultivar novos amigos e os que já tinha quase todos cheios de compromissos e eu não... e nem sei... E nem sei o que eu quero ser. Eu sei que não quero estar onde estou, mas de onde vem motivação quando não se tem direção? Quero descobrir algo apaixonante ou pelo menos que meu ser apaixone por algo novo. Mesmo que seja como redescoberta de algo velho como notícia. Eu quero me sentir vivo mas só me sinto oprimido.

Quero ter peito pra arrebentar as cordas que me prendem a esta situação insossa, mas não tenho nem ânimo pra gritar, na verdade acho que é melhor dizer coragem mesmo. Olho para mim e só vejo meus problemas, me sinto soterrado por eles. Eu não encontro pás* para retirar este entulho, somente aquela que se chama tempo e que , se trabalha sozinha, é descuidada e acaba quebrando um pouco de mim durante o serviço. Mas agora não encontro tempo pra lhe servir de capataz. Na verdade me sobra tempo, mas prefiro gastá-lo no ócio improdutivo do que na busca desenganada, o primeiro não me decepciona e o segundo me custa energia.

Já não me suporto, pois não há abrigo que me aqueça, nem esconderijo para onde fugir, pois para onde fujo sempre me encontro e ao lado de cada lareira lá estou a me acompanhar de modo frio e cético. Nem a morte prematura é escapatória pois me destruiria junto com este ser entediante e não julgo que este mereça meu sacrifício.

Talvez o tempo me deixe livre para esquecer que existo...


Autor: Ynyang Anicosein Publicador: Luiz Felipe dos Santos Vailantes



...

Morte

Pranteio mudo, a morte

De mais um Ser


Choro pela dor dos espinhos

Que de olhos cerrados

Nego-me a ver

Na busca pelo sorriso

Que em mim se encontra


Lágrimas que rolam

Amolecem um duro coração

Que seu erro não aceitou

Que nega o despedaçamento

Da ilusão que criou


Pranteio mudo

Pranteio só


Não peço companhia

Ao pranto que despejo

Reduz-se a um momento

E no ato de existir

Já cumpriu seu intento


Assim se extinguiu

No instante mesmo

Daquele que surgiu

Pois em seu levante

Ensejou a vida


Ao solo seco e árido

Lágrimas dão vida


Da morte do velho

Nasce um novo Ser

De olhos semi abertos

Pois muita é a luz

E fere o voraz


Forte o suficiente

Encaro minha fraqueza

Astuto igualmente

Vejo minha inocência

Com um sorriso de dentro


Sorriso solto

Mas não sorrio só


Por incrível que pareça

Contagia mais que o outro,

Que procurava aturdido

Sorrisos lhe retornam

Mesmo escondidos


Oh vida! Sempre estive aqui.




...