Poucos Pensamentos
Aqui escrevo daquilo que passa pela minha cabeça. Não me disponho a escrever teses, nem me ater a ciências, ou filosofias; tampouco busco seguir essa ou aquela escola literária. Apenas me precipito a dar vazão a sentimentos, idéias, opiniões... por vezes inacabadas, por vezes acabadas em sua inconclusão. Não quero impor valores; apenas desejo mostrar uma face daquilo que me constitui, em alguns poucos pensamentos.
Dê comida aos peixes por favor. Nem sempre estou por aqui para alimentá-los.
Grato pela gentilza.
Grato pela gentilza.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Ciclo dos Arremessados
Parte I
Jogado
Lançado ao mundo
Sem nenhum cuidado
Caído na terra
estropiado
Abandonado no tempo
enviesado
Arremessado aos ares
desvairado
E quando me pedem
que me refira a algo
seja o foco,
seja presente
seja futuro,
aqui ou lá
em cima, em baixo
de onde falo o que falo
Eu não sei!
Parte II
Eu não sei
Não nasci!
Fui lançado,
No peito
de quem chora
De quem ri,
quem lamenta
Em/De tantos lados
que acabo vendo,
que não há lados...
Só um círculo/circuito
tão grande
que parece
ter tantas faces
que nem se entende
se é circular,
E me perguntam
se entendo
daquilo que digo
Não!
Parte C
Não
E dói
ver o que não se entende
sentir o que não se fala
amar o que não existe
a ninguém,
nem a mim!
Nem a Mim!
Há um turbilhão incessante
Mais rápido
que o entendimento
Vejo faíscas,
temo pelo meu corpo
Realidades em choque
disrupção do contínuo normal
não há freios
nesse desconforto
vou parar de procurá-los...
me perdoem agora
por não pensar
por hora
Parte 4
Ou (Pós Ciclo dos Arremessados)
Arremesso inerte
Sem pensar
Só fluir
Voar, flutuar
Entender?
Pra que?
Vou viver
Em movimento
Sempre estive
E perguntar
Dos porquês
Só travou
A viagem
De uma vida
Entre outras
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Notícias de um Futuro Possível I - Lançamento do DSV LV
Noticias de Psicologia,
2 de Novembro de 2031.
Está disponível para acesso online o a nova versão do catálogo de desconfortos sócio-psico-filosóficas (doenças mentais).
A novidade do novo DSM LV está no upgrade de todas as patologias por ordem de prejuízo social.
Segue Abaixo o Resumo das Categorias Patológicas:
A.1 - Religião
Todas as formas de crença ou fé que denigram ou contradigam a experiência do sujeito em sua completude.
A.2 - Sistemas Sócio-Econônicos Totalitários
Toda classe de dispositivos de controle da liberdade de expressão social.
Ex>:Capitalismo, Socialismo, Neo-Capitalismo, Neo-supra-ultra-mega-maxxi-Cap italismo de Esquerda Reversa e Capitalismo Pós-Apocalítico e demais nomemclaturas inúteis.
A.3 - Ideologias de Falsa Liberdade
Incluem-se aqui todos os modos de controle sutil do devir humano.
Ex>: Literatura de auto-ajuda.
Muito obrigado.
Desejamos que o(a) Sr(a) seja Singular! (Se assim o desejar em seu devir.)
----------------------
Obs.: Pedimos desculpas ao leitor por utilizarmos palavras de baixo calão como "doença mental" e "auto-ajuda", porém não há outra designação disponível para este conceitos-patológicos que devastaram vidas e destruiram lares.
Compartilhamos o sofrimento de seus antepassados.
----------------------
Em especial, pedimos o leitor informe o Setor de Respeito ao Ser Humano, caso este texto interfira em sua liberdade experiencial, para que ele seja revisto e encontremos uma forma cada vez melhor de buscar viver em harmonia em meio à diferença que nos une.
(Vaillant)
sexta-feira, 16 de julho de 2010
A magia dos atos (parte 1)
Vou te explicar uma coisa, que eu não sabia e que um dia você me explicou.
A beleza de um presente é a intenção de quem dá, a de uma dedicatória é o próprio ato de se dedicar algo à alguém.
Quando se pede essas coisas você mata a beleza, a magia que faz delas especiais.
Ao presente só restará então o valor impresso na etiqueta e à dedicatória só o ato mecânico da escrita forçada.
Esses atos precisam ser livres e espontâneos, senão simplesmente deixam de ser.
No ato de pedir você cancela qualquer possibilidade de que eles possam acontecer.
Como uma vez você me ensinou:
"Há coisas que não dá pra pedir. Eu não poderia dizer 'Eu gosto que me peguem pela mão e me girem ou façam um passo de dança comigo no meio da rua, de forma inesperada.' Essas coisas não dá pra pedir."
Há coisas que não se pede.
A beleza de um presente é a intenção de quem dá, a de uma dedicatória é o próprio ato de se dedicar algo à alguém.
Quando se pede essas coisas você mata a beleza, a magia que faz delas especiais.
Ao presente só restará então o valor impresso na etiqueta e à dedicatória só o ato mecânico da escrita forçada.
Esses atos precisam ser livres e espontâneos, senão simplesmente deixam de ser.
No ato de pedir você cancela qualquer possibilidade de que eles possam acontecer.
Como uma vez você me ensinou:
"Há coisas que não dá pra pedir. Eu não poderia dizer 'Eu gosto que me peguem pela mão e me girem ou façam um passo de dança comigo no meio da rua, de forma inesperada.' Essas coisas não dá pra pedir."
Há coisas que não se pede.
sábado, 19 de junho de 2010
Justiça?
Boa tarde,
Essas ultimas semanas venho acompanhando, um pouco de "longe", o caso da advogada Mércia Nakashima, e mesmo tentando não me ater aos anúncios sensacionalistas, acabei sendo inundado de comentários de repórteres e até de familiares sobre a impunidade, sobre a lentidão da polícia, sobre o suspeito principal e sobre justiça.
Ouvi em algum lugar, ou em todos, a frase "Queremos justiça!", e associadas a essa frase vejo sempre palavras como condenação, prisão, pena, anos de cadeia; até que ouço alguém resumir esse amontoado de ideias na frase "Queremos que ele pague pelo que fez!".
Me deu uma certa inquietação quanto à apropriação da noção de "Justiça" no senso-comum, não só no caso que citei acima, mas em qualquer caso de desrespeito à lei, sobretudo nos casos violentos,. De certa forma isso fez nascer em mim a pergunta: a quem a "Justiça" serve e a quem deve servir.
Eu penso - em meu brutal desconhecimento dos parâmetros legais e jurídicos - que a Justiça deve zelar pelos direitos da sociedade, por meio da supervisão da observância das leis pelos cidadãos.
Trocando em miúdos, a "Justiça" deveria ser uma promotora de uma certa ordem, que beneficiasse a toda a sociedade.
Os julgamentos hoje são vistos como uma espécie de pagamento de dívida, quase como uma vingança "divina". Como se a Justiça fosse realizada somente em prol da família, dos amigos e da sociedade que participa do show midiático que cerca o acontecido e que sofre junto.
Quando, acredito eu, que a Justiça deveria ser realizada em prol de um sentido maior de sociedade, que incluísse aí também o suspeito, o réu, o condenado e o egresso do sistema prisional, até porque alguém preso numa penitenciaria hoje, provavelmente irá para lá para sofrer (Pagar pelo que fez! / Ter o que merece!) e não para ser regenerado e voltar a conviver em sociedade.
O que levanta a mim outra questão, se a Justiça deveria - na minha concepção - ser fonte de benefício para toda a sociedade, penso que a pessoa condenada perde seu status de cidadão quando pensamos assim, pois imagino que o único benefício que ele poderia tirar de uma condenação seria o fato de pode vir a ser auxiliado em seu processo de regeneração, de reinserção ativa na sociedade após cumprida sua pena. Então nesse caso a "Justiça" nada lhe presta de útil, ele entra na classe dos excluídos da "Justiça".
Quando a "Justiça" passa a ter cidadãos que estão fora da Sua conta, que não entram na equação do que é justo para todos, há um desequilíbrio que terá consequências.
Neste caso, a Justiça não será capaz de prover ordem nem mesmo àquele que anteriormente visaria, pois aqueles a quem ela excluiu podem vir a retornar ao convívio social sem terem tido a oportunidade de receber auxílio para se reintegrar, e o ciclo da violência se propaga. E aqueles que antes buscavam uma justiça vingativa irão criar seus filhos numa sociedade injusta e violenta, na qual ninguém se sente seguro a momento nenhum do dia e na qual, possivelmente, alguns desses irão também cometer atos que farão a "Justiça" e a voz do povo excluí-los também.
Uma amiga me lembrou de mais um aspecto desses pensamentos, algo que faz pate do ideário popular e que se resume da seguinte forma "Os presídios deviam explodir com todas as pessoas dentro!" e "Assim acabaria o problema de super lotação, de preso que sai e não volta, de rebelião, da violência.", porém acredito que em pouco tempo tudo voltaria ao mesmo ponto.
Novas pessoas cometeriam crimes, seriam condenadas, postas de fora do conceito popular de "Justiça", e então iriam criar novos e modernos presídios, que logo estariam abarrotados. Pois não se trata aqui apenas de um problema individual, de cada um que comete um crime, mas de uma sociedade violenta e não inclusiva, com uma grande fosso social.
Não quero aqui eximir o condenado de seu crime, mas pensar em formas de permitir e dar ferramentas para que ele possa retomar um curso de vida que respeite seus direitos e o dos demais.
Precisamos de uma noção de "Justiça" mais abrangente, mais total, que veja aqueles que transgridem as leis como parte de um sistema que precisa se revisto, que cultiva valores que degradam o desenvolvimento humano.
Lutemos por uma realidade onde o desenvolvimento humano seja a tônica e possamos superar esse ciclo vicioso e viciado de violência e desrespeito e possamos ser um grupo de homens e mulheres mais humanos para todos e com todos.
Essas ultimas semanas venho acompanhando, um pouco de "longe", o caso da advogada Mércia Nakashima, e mesmo tentando não me ater aos anúncios sensacionalistas, acabei sendo inundado de comentários de repórteres e até de familiares sobre a impunidade, sobre a lentidão da polícia, sobre o suspeito principal e sobre justiça.
Ouvi em algum lugar, ou em todos, a frase "Queremos justiça!", e associadas a essa frase vejo sempre palavras como condenação, prisão, pena, anos de cadeia; até que ouço alguém resumir esse amontoado de ideias na frase "Queremos que ele pague pelo que fez!".
Me deu uma certa inquietação quanto à apropriação da noção de "Justiça" no senso-comum, não só no caso que citei acima, mas em qualquer caso de desrespeito à lei, sobretudo nos casos violentos,. De certa forma isso fez nascer em mim a pergunta: a quem a "Justiça" serve e a quem deve servir.
Eu penso - em meu brutal desconhecimento dos parâmetros legais e jurídicos - que a Justiça deve zelar pelos direitos da sociedade, por meio da supervisão da observância das leis pelos cidadãos.
Trocando em miúdos, a "Justiça" deveria ser uma promotora de uma certa ordem, que beneficiasse a toda a sociedade.
Os julgamentos hoje são vistos como uma espécie de pagamento de dívida, quase como uma vingança "divina". Como se a Justiça fosse realizada somente em prol da família, dos amigos e da sociedade que participa do show midiático que cerca o acontecido e que sofre junto.
Quando, acredito eu, que a Justiça deveria ser realizada em prol de um sentido maior de sociedade, que incluísse aí também o suspeito, o réu, o condenado e o egresso do sistema prisional, até porque alguém preso numa penitenciaria hoje, provavelmente irá para lá para sofrer (Pagar pelo que fez! / Ter o que merece!) e não para ser regenerado e voltar a conviver em sociedade.
O que levanta a mim outra questão, se a Justiça deveria - na minha concepção - ser fonte de benefício para toda a sociedade, penso que a pessoa condenada perde seu status de cidadão quando pensamos assim, pois imagino que o único benefício que ele poderia tirar de uma condenação seria o fato de pode vir a ser auxiliado em seu processo de regeneração, de reinserção ativa na sociedade após cumprida sua pena. Então nesse caso a "Justiça" nada lhe presta de útil, ele entra na classe dos excluídos da "Justiça".
Quando a "Justiça" passa a ter cidadãos que estão fora da Sua conta, que não entram na equação do que é justo para todos, há um desequilíbrio que terá consequências.
Neste caso, a Justiça não será capaz de prover ordem nem mesmo àquele que anteriormente visaria, pois aqueles a quem ela excluiu podem vir a retornar ao convívio social sem terem tido a oportunidade de receber auxílio para se reintegrar, e o ciclo da violência se propaga. E aqueles que antes buscavam uma justiça vingativa irão criar seus filhos numa sociedade injusta e violenta, na qual ninguém se sente seguro a momento nenhum do dia e na qual, possivelmente, alguns desses irão também cometer atos que farão a "Justiça" e a voz do povo excluí-los também.
Uma amiga me lembrou de mais um aspecto desses pensamentos, algo que faz pate do ideário popular e que se resume da seguinte forma "Os presídios deviam explodir com todas as pessoas dentro!" e "Assim acabaria o problema de super lotação, de preso que sai e não volta, de rebelião, da violência.", porém acredito que em pouco tempo tudo voltaria ao mesmo ponto.
Novas pessoas cometeriam crimes, seriam condenadas, postas de fora do conceito popular de "Justiça", e então iriam criar novos e modernos presídios, que logo estariam abarrotados. Pois não se trata aqui apenas de um problema individual, de cada um que comete um crime, mas de uma sociedade violenta e não inclusiva, com uma grande fosso social.
Não quero aqui eximir o condenado de seu crime, mas pensar em formas de permitir e dar ferramentas para que ele possa retomar um curso de vida que respeite seus direitos e o dos demais.
Precisamos de uma noção de "Justiça" mais abrangente, mais total, que veja aqueles que transgridem as leis como parte de um sistema que precisa se revisto, que cultiva valores que degradam o desenvolvimento humano.
Lutemos por uma realidade onde o desenvolvimento humano seja a tônica e possamos superar esse ciclo vicioso e viciado de violência e desrespeito e possamos ser um grupo de homens e mulheres mais humanos para todos e com todos.
sábado, 8 de maio de 2010
Ditados comentados do meu Brasil
Eu trabalho com pesquisa numa área do Rio de Janeiro bem peculiar, uma área onde a urbanização está chegando junto com a modernização, onde se vê ainda os resquícios do Brasil antigo de forma bem viva, os trilhos da velha ferrovia, os costumes e hábitos de "antigamente" em choque - e às vezes em acordo - com as novas tecnologias, celulares, computadores e lan-houses.
Numa das minhas incursões nesse Brasil de transição, meio urbano, meio rural, onde charretes, cavalos e bois dividem espaço com moto taxistas e carros, estava eu me preparando para mais um dia de trabalho numa Unidade de Saúde quando observei um diálogo descompromissado que culminava numa obra de extrema sabedoria.
Não apenas pelo conteúdo das palavras, mas por todo o contexto e simplicidade.
No momento que cheguei ao posto uma das primeiras pessoas a me recepcionar foi a tia Anastácia, uma senhora idosa, mas muito ativa, que é responsável pelos serviços gerais do posto, limpeza, organização e também famosa pelo seu inigualável cafezinho.
Senhora de fala mansa, sempre simpática e bem humorada, querida por todos.
Estava eu sentado, organizando meu material de trabalho na sala de espera do posto, quando entra uma mulher e cumprimenta tia Anastácia que está ocupada com uma de suas tarefas de limpeza.
- Bom dia tia Anastácia!
Ao que ela responde sorridente e com alegria.
- Bom dia!
E vai a seu encontro com a saudação costumeira, um aperto de mão e dois beijos no rosto, e a mulher se assusta.
- Nossa! Que mão fria tia Anastácia!
E sem parar para pensar e nem se distrair da limpeza para qual já retornara, ela responde como se fosse a única coisa a ser dita naquele momento.
- "É coração quente... Mão fria é coração quente..."
O sorriso veio a meu rosto tão naturalmente quanto ao rosto dos demais que por ali estavam e presenciaram esta cena. Ressoou um pequeno burburinho de risos abafados daqueles que já estavam acotumados com essa santa perspicácia.
Aquele dia ficou mais leve.
Numa das minhas incursões nesse Brasil de transição, meio urbano, meio rural, onde charretes, cavalos e bois dividem espaço com moto taxistas e carros, estava eu me preparando para mais um dia de trabalho numa Unidade de Saúde quando observei um diálogo descompromissado que culminava numa obra de extrema sabedoria.
Não apenas pelo conteúdo das palavras, mas por todo o contexto e simplicidade.
No momento que cheguei ao posto uma das primeiras pessoas a me recepcionar foi a tia Anastácia, uma senhora idosa, mas muito ativa, que é responsável pelos serviços gerais do posto, limpeza, organização e também famosa pelo seu inigualável cafezinho.
Senhora de fala mansa, sempre simpática e bem humorada, querida por todos.
Estava eu sentado, organizando meu material de trabalho na sala de espera do posto, quando entra uma mulher e cumprimenta tia Anastácia que está ocupada com uma de suas tarefas de limpeza.
- Bom dia tia Anastácia!
Ao que ela responde sorridente e com alegria.
- Bom dia!
E vai a seu encontro com a saudação costumeira, um aperto de mão e dois beijos no rosto, e a mulher se assusta.
- Nossa! Que mão fria tia Anastácia!
E sem parar para pensar e nem se distrair da limpeza para qual já retornara, ela responde como se fosse a única coisa a ser dita naquele momento.
- "É coração quente... Mão fria é coração quente..."
O sorriso veio a meu rosto tão naturalmente quanto ao rosto dos demais que por ali estavam e presenciaram esta cena. Ressoou um pequeno burburinho de risos abafados daqueles que já estavam acotumados com essa santa perspicácia.
Aquele dia ficou mais leve.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
Resgatando sentimentos e momentos
Vou lavar os olhos
Pôr a sujeira fora
Vou lavar os olhos
Pra saudade ir embora
Vou lavar os olhos
Ver o que sou agora
Vou lavar os olhos
Vai chegando minha hora
Vou lavar os olhos...
Pôr a sujeira fora
Vou lavar os olhos
Pra saudade ir embora
Vou lavar os olhos
Ver o que sou agora
Vou lavar os olhos
Vai chegando minha hora
Vou lavar os olhos...
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